29 de jul. de 2012

Polícia identifica suspeito de envenenar e matar macacos-prego

A polícia já identificou um suspeito de ter envenenado quatro macacos-prego em uma praça do bairro Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O homem, que é morador da Rua Conde Afonso Celso, onde um dos macacos foi encontrado morto, pendurado em uma árvore, vai ser chamado para prestar depoimento, mas ainda não foi localizado. Se condenado, pode pegar até dois anos de prisão. “Esse crime é contra fauna silvestre. Matar, ferir ou maltratar animais silvestres criminaliza o autor”, afirmou o delegado ambiental José Rezende.

Na manhã de quinta-feira (26), quatro macacos-prego foram encontrados agonizando em uma praça. Um deles chegou a ser fotografado por um morador. Três morreram e um fugiu para a mata. A suspeita é de envenenamento.

O macaco-prego é a única espécie nativa do Rio de Janeiro que resistiu à expansão da cidade. Hoje, ele aparece em uma lista de animais ameaçados de extinção. Primatológos do Ministério do Meio Ambiente estimam que no parque do Jardim Botânico existam 20 animais como este. No Parque Lage, outros 30.

“Não se aproxime demais, não toque neles, não manipule nada que eles mexeram e, principalmente, não os alimente. O fato de alimentar faz com que eles se aproximem e entrem nas casas para procurar essa comida”, adverte a bióloga Cristiane Rangel.

Do lado direito da Rua Benjamin Batista, no Jardim Botânico, fica uma área verde que dá para o Parque Lage. É do parque que os macacos saem pelos galhos das árvores em direção às casas e apartamentos à procura de alimento fácil. Vários moradores já se acostumaram a dar comida para eles. Mas nem todo mundo gosta dessa convivência.

“Eu sei que algumas pessoas não gostam, mas não consigo entender esse tipo de reação”, critica a jornalista Maryanne Sá. “Eles vêm de manhã, alegram, sobem pelos telhados e trazem uma alegria muito legal. Mas o morador acha que o macaco está invadindo a área dele, e não é verdade: nós é que estamos invadindo”, conclui a advogada Lúcia Matos.

Há sete anos na região, a dona de casa Cristina Matos, de 59 anos, disse que nunca tinha visto uma situação como esta. Ela afirmou que sempre gostou da presença dos macacos no bairro e considerou como “crueldade” as mortes dos animais. Um deles morreu numa árvore em frente à sua casa. Cristina se disse chocada e pediu uma solução para o poder público.

“Eu adoro esses macaquinhos. Estou chocada com o que fizeram. É uma crueldade, um absurdo. Estou pasma. Eles (macacos) sempre aparecem de manhã cedo e depois eles somem. É a primeira vez que eu vejo isso por aqui. Não tem explicação. Eles não estão fazendo mal a ninguém, só querem comida, nós é que invadimos o espaço deles”, disse.

Animais foram encontrados passando mal

Para a arquiteta Danielle Bastos, de 30 anos, os macacos foram vítimas de envenenamento. Segundo ela, os animais foram encontrados passando mal e vomitando. Danielle informou que mora há sete meses na rua e que nunca se incomodou com a presença dos bichos. No entanto, ela disse que toma algumas precauções, como manter as janelas fechadas, por causa da filha.

“Eles sempre andam nas árvores e saltam dos fios elétricos, já vi até filhotes por aqui. Eles sempre aparecem no inverno atrás de comida. Uma vez, eu dei um mole, eles entraram na minha casa e levaram duas tangerinas. Nada justifica essa crueldade. São bichos, indefesos e não estão fazendo mal a ninguém. Isso não pode ficar assim”, disse ela.

Conflito

A psicóloga Enne Ribeiro, de 67 anos, que vive há quatro anos na Praça Pio XI, que fica no fim da Rua Conde Afonso Celso, diz que entende a irritação de alguns vizinhos com a presença dos macacos, mas repudia a forma encontrada por eles para acabar com o problema.

“É um conflito o que está acontecendo aqui. Os macacos se tornaram os nossos bichos de estimação, mas ao mesmo tempo são motivo de descontentamento, porque eles entram nas casas, quebram objetos, roubam alimentos, objetos pessoais e irritam as pessoas. Mas chegar ao ponto de dar comida envenenada? Isso é inaceitável”, afirmou a psicóloga.

Para Enne Ribeiro, uma saída seria a revitalização de áreas florestais como o Parque Lage: “Seria uma ótima oportunidade para trazer de volta a beleza e o glamour do Parque Lage, que é um recanto natural de várias espécies. Com tanta consciência ecológica, cadê o poder público nessa hora? Poderia criar um viveiro natural para os macacos, com comida, tratamento, tudo ao ar livre, assim, eles não precisariam vir para as ruas e invadir as nossas casas”, acredita ela.

Assista à reportagem aqui.

Fonte: G1

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