16 de jul. de 2012

Lêmures são os mamíferos mais ameaçados do planeta

Os lêmures, pequenos primatas de olhos grandes que vivem nas árvores, são hoje os mamíferos mais ameaçados do planeta, segundo uma nova avaliação feita por especialistas reunidos numa conferência da União Mundial para a Conservação da Natureza (UICN), em Madagáscar.

Os peritos reunidos em Antananarivo, capital de Madagáscar, – vindos do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Índia, Alemanha, Itália e França – ficaram chocados com o que descobriram ao avaliar o estado de conservação das 103 espécies de lêmures do planeta: 91% dos animais – que vivem unicamente em Madagáscar – estão ameaçados, com mais ou menor gravidade.

Depois de uma semana de trabalhos para atualizar a Lista Vermelha da União Mundial para a Conservação da Natureza (que tem seis categorias) para os lêmures, os peritos revelaram nesta sexta-feira que, das 103 espécies conhecidas, 23 estão Criticamente Ameaçadas, 52 estão Ameaçadas, 19 são Vulneráveis e três Quase Ameaçadas. Apenas três têm um estatuto Pouco Preocupante.

“O resultado da nossa avaliação foi um choque. Madagáscar tem, de longe, a maior proporção de espécies ameaçadas de qualquer primata em qualquer país do mundo. Por isso, acreditamos que os lêmures são, provavelmente, o grupo de vertebrados mais ameaçado”, disse Christoph Schwitzer, do Grupo de especialistas em Primatas na UICN.

A espécie de lêmure mais ameaçada de todas é o Lepilemur septentrionalis e estima-se que apenas restem 18 animais em todo o mundo. Mas há também outros animais que passaram agora a estar mais ameaçados. Como é o caso do maior de todos os lêmures, o Indri indri – de pelo preto e branco – e o lêmure preto-de-olhos-azuis (Eulemur flavifrons), a única espécie de primata que, além do ser humano, tem esta cor de olhos.

Os delegados que participaram na conferência em Antananarivo começaram agora a preparar um Plano de Ação para a conservação dos lêmures mais ameaçados na próxima década.

Durante a conferência em Antananarivo, os peritos anunciaram ainda a descoberta de uma nova espécie de lêmure, na zona Este de Marolambo, em Madagáscar. Ainda não foi publicada a descrição formal da espécie e por isso ainda não tem nome.

“As espécies únicas e maravilhosas de Madagáscar são o seu maior tesouro, a sua marca mais distintiva e a base para a indústria do turismo que continua a crescer, apesar dos problemas políticos atuais”, disse Russell Mittermeier, do Grupo de Especialistas em Primatas da UICN.

Madagáscar é a quarta maior ilha do planeta, com os seus 600.000 quilómetros quadrados, ou seja, ligeiramente maior do que a França. Cerca de 90% da vegetação natural já foi destruída e quatro quintos da sua floresta original desapareceram.

A destruição da floresta tropical e um aumento do consumo de carne de animais selvagens reduziram, consideravelmente, o número de lémures, enquanto o país vive uma interminável crise política desde 2009. Depois do golpe de Estado que destituiu o Presidente Marc Ravalomanana, “houve uma séria degradação das medidas de protecção (da fauna)”, em especial nos parques nacionais de Masoala e de Marojejy, no Norte do país, considera a UICN. “A incerteza política agravou a pobreza e acelerou o abate ilegal de árvores”, acrescenta.

Fonte: Ecosfera

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