17 de jul. de 2012

São Paulo recebe aves migratórias do sul do continente

Comida e temperaturas amenas. É isso que atrai uma legião de aves migratórias a São Paulo, fugindo do frio rigoroso do sul do continente, entre maio e setembro. “Julho é o auge”, comenta a bióloga Regiane Paiva, do setor de Aves do Zoológico de São Paulo.

“Um exemplo: as aves do extremo sul da Argentina, nesta época de neve na Terra do Fogo, não encontram sua alimentação por lá. Por isso migram”, explica o ornitólogo paulistano Johan Dalgas Frisch, presidente da Associação de Preservação da Vida Selvagem e autor do livro Aves Brasileiras.

Todos os anos, o parque recebe mais de 3 mil aves hóspedes, principalmente irerês e marrecas-caneleiras. “Percebemos um pequeno aumento nas marrecas asas-de-seda também, mas ainda não foi realizada uma contagem deste grupo para verificar quais são as migrantes e quais são as residentes”, diz Regiane.

Esses hóspedes de inverno, que vêm curtir o friozinho na cidade grande, encontram ali, na região do lago do parque, o que mais falta em seu ambiente natural nesta época do ano: alimentação abundante. São vermes, moluscos, plantas aquáticas e, um oferecimento especial do zoológico, ração à base de milho. Nesses meses os tratadores deixam às aves 400 quilos diários de ração, quase três vezes mais do que no restante do ano.

São uma atração a mais para quem escolhe passear pelo Zoo nesta época do ano. “É possível observá-las vocalizando, descansando, voando… Sempre ao redor do lago”, comenta a bióloga Regiane. “A maior parte se concentra aqui no Zoo porque a oferta de alimentos é abundante. Mas também podem ser vistas, nesta época, em outros parques da cidade.”

Outras áreas verdes da cidade também abrigam aves viajantes. Um bom exemplo são os parques municipais e estaduais, refúgios perfeitos para essa bicharada. “E não só irerês e marrecas-caneleiras. Há também os passeriformes”, acrescenta Regiane. “O que acontece é que, por serem menores, são mais difíceis de serem vistos.”

É o caso de papa-moscas-joão-pires, tesoura-do-brejo e verão – calcula-se que São Paulo receba, todos os anos, 50 exemplares deste último. O macho, com sua bela penugem avermelhada no peito e na cabeça é mais fácil de ser identificado. Pode ser avistado às margens da Represa de Guarapiranga e nos Parques do Ibirapuera e da Aclimação. “Aqui encontram insetos para a alimentação”, afirma Frisch. “Passam alguns dias em São Paulo e seguem viagem até a Amazônia. Em setembro, retornam à Argentina e ao Uruguai, onde fazem seus ninhos.”

Imponência espetacular

Frisch conta ainda que neste ano aconteceu um fenômeno atípico. Como choveu nos meses de abril, maio e junho, o tero real – parente do quero-quero – que normalmente migra da Argentina para a região do pantanal mato-grossense acabou aparecendo no interior paulista. “Mais precisamente na região de Rio Claro e Piracicaba, em pequenos brejos ao lado dos canaviais. Trata-se de fato raríssimo”, comenta o ornitólogo. “Eu consegui fotografar esse tero real, que tem um comportamento muito interessante, pois seus movimentos lembram os de cavalos de alta linhagem. É de uma imponência espetacular.”

A ave se alimenta predominantemente de insetos. É preta e branco, como o quero-quero. “Lembra uma pessoa que se veste com rigor”, diz Frisch. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Fonte: Diário do Grande ABC

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