3 de jun. de 2012

Jornalistas do Jornal da Massa debocham da criminalização dos maus-tratos contra animais

Os jornalistas que apresentam e comentam o Jornal da Massa, da emissora de TV paranaense Rede Massa, deram uma demonstração de preconceito especista contra os animais na edição do último 30 do telejornal, ao comentar a proposta de criminalização, via Código Penal, dos maus tratos contra os animais não humanos.

Usando de deboche, ironia, reducionismo e falácias, praticamente ridicularizaram a proposta de aumentar para 1 a 4 anos de prisão o crime de maus tratos aos animais, e deixaram a entender o tempo todo que se trataria apenas do abandono de cães e gatos.

A princípio, o apresentador Denian Couto compara a proposta de criminalização do abandono de animais (1 a 4 anos de reclusão) à atual pena impetrada contra acusados de abandono de incapaz (6 meses a 3 anos de detenção), ignorando a possibilidade de se discutir também o enrijecimento da pena para o abandono de incapaz.

Em seguida, o jornalista fala, em tom sarcástico: “Aí a Comissão de juristas quer propor que quem abandona o Rex tenha uma pena de um a quatro [anos de reclusão]! Não. Não tem que mergulhar com a cabeça no balde?”

Para, logo após, o comentarista Paulo Martins dizer: “Então você vê: [para] a pré-comissão da reforma do Código Penal, abandonar um animal é mais grave do que abandonar um bebê, abandonar uma criança.” Argumenta então que a prisão não teria eficácia nesse tipo de crime e que seria melhor impor uma multa ou uma ação civil contra abandonadores de animais. Uma opinião especista, porque ele não defenderia o mesmo para penalizar o abandono de crianças – deduz-se que para ele, enquanto abandonar crianças deveria continuar dando cadeia, fazer o mesmo com cães e gatos deveria inspirar apenas uma multa.

Adiante, Denian Couto fala, aos risos e com sarcasmo: “Imagina o seguinte: o Ministério Público sendo forçado a criar uma promotoria especializada para assuntos de abandono de animal. Aí vai lá julgar. Fico imaginando um juiz de Direito, juiz da Vara Criminal, tendo uma pilha de processos desse tamanho para resolver de crimes contra a vida, de crimes contra a administração pública, de delitos contra o patrimônio pra julgar, crimes de maior potencial ofensivo, tendo que resolver problema de quem abandonou um bichinho!”

Ruth Bolognese, outra comentarista do Jornal da Massa, opina então: “O recado que é passado pro cidadão é o seguinte: se você não tem dinheiro pra cuidar de uma criança e de um cachorro, é melhor abandonar a criança!”. Para Paulo Martins encerrar complementando: “Até porque o cachorro não pede nada depois, apenas balança o rabo, e o menino vai pedir brinquedo e uma série de coisas.”

Os jornalistas do Jornal da Massa, do alto de seu especismo, não trataram o problema com seriedade, preferindo reagir com deboche, menosprezar o problema criminal do abandono de animais, reduzir apenas ao abandono uma tipificação penal que se aplicará a qualquer maltrato contra animais e ainda tentar fazer uma falsa dicotomia, como se não fosse possível defender o agravamento da penalidade também do abandono de incapazes.

Ofendem assim a ética jornalística, que deveria estar sempre do lado da Justiça e da defesa dos direitos aos vulneráveis, e ainda, por puro especismo, passam a imagem de que abandonar animais não seria algo tão digno de punições severas assim.

Protestos devem ser enviados ao e-mail jornaldamassa@redemassa.com.br e ao Twitter do Jornal da Massa.


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